Este é o meu trisavô Johann Rudolf Müller. O pouco que sei de sua história na Suíça - até seu falecimento em Joinville - encontrei através de documentos dos locais, esclarecimentos, fotos e histórias obtidas com a família.
SUÍÇA
Johann Rudolf era filho de Johann Rudolf Müller e Anna Maria Nobs, sendo o 4º dos nove filhos do casal. Nasceu no dia 27 de março de 1815 em Unterkulm, Cantão de Aargau, Suíça. Seguiu a mesma profissão do pai como dono de moinho, padeiro e atuava como Juiz de Paz.
Obs. Assinava J.Rudolf Müller ou Rudolf na Suíça em vários documentos, depois adotou somente Rudolf no Brasil.
Apaixonou-se por Verena Heuberger nascida no dia 1 de outubro de 1814 em Teufenthal, Aargau. Filha de Johannes Heuberger dono do maior e famoso moinho da região e de Barbara Meyer, tinham também um filho chamado Johann Rudolf, como o dele. Presenteou sua amada com um lindo poema no dia de seu aniversário,1 de outubro de 1836.
Johann Rudolf e Verena casaram no dia 17 de março de 1837 em Lenzburg, Aargau. Cinco meses depois nasce uma criança, de um relacionamento de Johann Rudolf em Schaffenhausen. Nascido no dia 1 de agosto de 1837, o deram o nome de Jakob. Não temos referência do nome da mãe ou com que idade foi entregue ao pai. Ele foi criado por sua esposa Verena.
O casal teve mais 10 filhos, sendo que Johannes faleceu no dia seguinte ao nascer e Gottlieb com 2 meses de idade. Como o falecimento dos bebês era comum na época colocarem o mesmo nome em outro filho que nascesse depois.
Os 8 filhos vivos são, Johann Rudolf (meu bisavô), Gottlieb, Elisabeth, Anna Maria, Adolf, Johannes, Verena e Maria.
No final década de 1840, em muitos países da Europa ocorreu uma praga de grãos e com isso veio a fome. Na Suíça não foi diferente, J. Rudolf continuava seu trabalho como Juiz de Paz, mas em seu comércio como padeiro começaram as dificuldades, prejuízos e problemas em honrar seus compromissos. Aguentou até o começo de 1857 e foi forçado a tomar uma decisão. Com a propaganda da recém-criada Colônia D. Francisca no Brasil, sendo comentado como um local maravilhoso, repleto de ótimas oportunidades e precisando de pessoas aptas para o progresso do local, ele se interessou. Johann Rudolf com esperança de crescer financeiramente e dar à sua família uma vida melhor, entregou as suas terras à Sociedade Hamburguesa de Colonização (como era exigido no contrato). Instalou sua esposa com os filhos na cidade de Solothurn (atual Soleura) e rumou ao Brasil, saindo do Porto de Hamburgo no dia 19 de setembro de 1857, no Navio Amazone.
Chegou a Colônia no dia 25 de novembro do mesmo ano. Era tudo uma grande ilusão: lamaçal, sem estrutura, doenças tropicais e mata.
Entre a data que chegou até o primeiro documento relacionado a compra da sua casa em 1861 não encontrei nenhum registro ou notícia. Mas pela profissão que tinha de padeiro até o seu falecimento, acredito que atuou durante este período fazendo o que sabia de melhor, o pão.
No dia 21 de setembro de 1861, Rudolf como chamava-se na ocasião, adquiriu o lote número 246 na Rua da Cachoeira (atual Princesa Isabel), em frente aonde mais tarde foi erguida a Igreja Luterana de Joinville (Igreja da Paz) e ao lado dela o Colégio Alemão.
ESCRITURA DE COMPRA DA CASA – RUDOLF MÜLLER 21/09/1861
LIVRO DE ESCRITURAS N. 1
Página 95
Escritura da venda dos bens da raiz entre Frederico Frehse com sua mulher Dorothea e Rudolf Müller
Saibam quantos este público Instrumento de venda viram, que sendo no anno do Nascimento do Nosso Senhor Jezus Christo mil oitocentos sessenta hum (continua)...
Página 96
aos vinte hum dias do mez de Setembro nesta Freguesia de São Francisco Xavier de Joinville na casa de residênzia de Frederico Frehse ali onde eu Carlos Hühes Escrivão de Paz veio, presentes o mesmo Frederico Frehse com sua mulher Dorothea como vendedores e Rudolf Müller como o comprador, e conhecidos pelas próprias pessoas de mim e das três abaixo assignadas e denominadas testemunhas perante as quaes por eles vendedores me foi dito que são Senhores e Possuidores do terreno Numero duzentos quarenta e seis situado nesta mesma Freguezia entre os terrenos do Carlos Lange e o do alfaiate Jürgensen, servindo para casas com onze braças e duas palmas de frente com dezenove braças e huma palma de fundo, em total com duzentas e quatorze braças quadradas e quarenta e oito palmas quadradas de toda planície e me informando dos seus documentos de posse que me mostraram achei a verdade da sua declaração. E sendo assim possuidores do dito terreno me disserem mais, que o tivessem vendido ao Rudolfo Müller com as nelle existentes casas de palha pelo preço de cem mil reis e que já forão pagos e satisfeitos pelo comprador e dão com isso plena e geral quitação. O comprador diz, que tivesse acceitado a compra e como já fez pagamento do preço indicado, por isso se reconheça desde já pelo actual e verdadeiro Senhor e Possuidor do dito terreno. A Liza pagarão como mostra o Conhecimento do theor seguinte: Silveira. Numero vinte Liza dos bens de raiz Anno financeiro de 1861-1862. A folhas três do Livro de Receita respectiva fixa lançado em debito ao actual Administrador a quantia de seis mil reis, que pagou hoje Rudolf Müller de onze braças e duas palmas do terreno que comprou na Colonia Dona Francisca sob Numero duzentos quarenta e seis na Freguezia de Joinville ao Frederico Frehse por cem mil reis. Meza de Rendas do Rio de São Francisco em dezoito de Fevereiro de mil oitocentos sessenta e hum. O Escrivão digo o Tesoureiro Francisco Mathias de Carvalho, o Escrivão Francisco Germano de Azevedo. Numero dois Reis duzentos. Pago de Sello duzentos reis. São Francisco em dezenove de Setembro de mil oitocentos sessenta hum Carvalho Azevedo. O Imposto a Camara Municipal pagarão como mostra o conhecimento do theor seguinte: nas folhas quarenta hum do Livro de Receita respectiva fica lançado em declaração actual Procurador da Camara Municipal a quantia de dois mil reis que pague Rudolfo Müller de Imposto correspondente a cem mil reis (continua)...
Página 97 (final)
por que comprou onze braças e duas palmas de terreno sito na Colonia Dona Francisca sob Numero duzentos e quarenta e seis na Freguesia do Frederico Frehse, Cidade de São Francisco em dezoito de setembro de mil oitocentos sessenta hum. O Procurador da Camara Salvador Antonio Alvez da Maga. Numero três duzentos reis. Pagou do Sello duzentos reis. São Francisco em dezenove de Setembro de mil oitocentos e sessenta hum. Carvalho Azevedo. E de como mostrão estes documentos e me tiverem feito nesta maneira as partes a sua declaração depois de lhe ter lido e o acharão o todo conforme assignarão com as testemunhas. Conrad Anthony, Jüngen Jürgensen e Pedro Martins todos moradores ahi bem conhecidos de mim e comigo Escrivão que o escrevi: foi pago com as custas de quatro mil reis, do que todo dou fé Carlos Hühes e Frederico Frehse e Dorothea Frehse, Rudolf Müller, Conrad Anthony, Jüngen Jürgensen e Pedro Martins.
Esta conforme o original, que se acha lançado no Livro Interno de Notas existente no meu Cartório do que dou fé Carlos Hühes Colonia Dona Francisca em 21 de Setembro de 1861.
Obs. Transcrevi a "Escritura" como era escrito na época e fiz um pequeno resumo das "Custas" a seguir...
Resumo das Custas:
- Comprou o terreno com as casas por 100.000 reis de Frederico Frehse, em 18 de fevereiro de 1861.
- Pagou 200 reis, o Sello em São Francisco em 19 de setembro de 1861.
- Escritura realizada na residência de Frederico Frehse em 21 de setembro de 1861.
- Pagou no ato da escritura 6.000 reis ao Administrador, Procurador da Camara 200 reis, 2000 reis de Imposto e 4000 custas da Escritura.
- Total de 112.400 reis.
- Casas com terreno = 11 braçadas + 2 palmas de frente por 19 braçadas +1 palma de fundo = 20.50 de frente por 36.25 de fundos.
- Total no documento de 214 2 braçadas + 482 palmas de toda planície. = +- 808 mts2.
1857 A 1862 NA SUÍÇA...
Nestes cinco anos que Verena ficou com os filhos em Solothurn, sendo mantida com a ajuda da igreja e da comunidade. Deve ter sido difícil passar por este período com tantas dificuldades, mas Jakob, Johann Rudolf e Gottlieb ajudavam como podiam pela idade.
Naquela época as mulheres não recebiam herança nenhuma. Johannes Heuberger - seu pai - faleceu em 1864, deixando o moinho para o seu irmão Johann Rudolf Heuberger (*1827 - +1897) casado com Lina (?) *1852, sendo vendido em 1912.
Obs. Não foram encontrados os herdeiros do irmão da Verena, sobre a venda do moinho ela foi extraída de pesquisas anteriores da familia Müller.
Após a compra das casas Rudolf pediu que mandassem trazer para a Colônia sua esposa, filhos, nora e netas.
ESCLARECIMENTO:
REGISTRO DE EMIGRAÇÃO DE UNTERKULM - ARQUIVO DE AARGAU
No registro de emigração do município de Unterkulm de 1862 (StAAG DIA02 / 0304), na verdade, a família de Rudolf Müller declarou. De acordo, emigraram em conformidade 8 mulheres / meninas e 5 homens / meninos, então um total de 13 pessoas. De acordo com o registro, a família recebeu apoio financeiro da comunidade (650 francos) e do estado (325 francos). Se os emigrantes receberam dinheiro da comunidade para financiar sua jornada e não eram mais um fardo para a igreja, isso foi discutido na assembleia da comunidade. A decisão de dar dinheiro à família de Rudolf Müller deve portanto, ser registrada nas atas da reunião da comunidade de Unterkulm.
VIAGEM E A CHEGADA...VIDA EM FAMÍLIA
No dia 28 de outubro de 1862 Verena e os filhos, nora e netas embarcaram no Navio Gellert, Porto de Hamburgo e chegaram a Colônia D. Francisca no dia 11 de dezembro de 1862. Nesta ocasião Jakob já era casado e trouxe sua mulher Anna Marie Plüss e suas filhas Maria com 3 anos e Minna com 9 meses (que acabou falecendo no dia 3 de dezembro durante a viagem. Foi sepultada no mar, como faziam antigamente. Imagino o sofrimento de toda a família e por este horrível ato em relação ao bebê.
HISTÓRIA QUE A FAMÍLIA CONTA, CONFIRMADAS POR DOCUMENTOS E LOCAIS ...
Verena com os filhos ao chegar ficou muito decepcionada pelo local, que ainda estava em construção, lama, animais, etc.. Sem contar com as casas com telhados de palha, bem inferiores das que eram construídas na Suíça. Passado 3 meses da chegada, Anna a filha com 16 anos falece de Tifo e esta foi a gota d’água para Verena, mesmo sendo uma mulher de fibra e guerreira. Diante de tanto sofrimento e responsabilidades desde a Suíça, a viagem, decepção e os falecimentos, se separou de Rudolf. Dizendo que não queria vê-lo nunca mais e que quando morresse que seu túmulo estivesse bem longe do dela. Assim ocorreu.
A princípio moraram Verena com os filhos na casa localizada na Rua Cachoeira (Atual Rua Princesa Isabel) em frente à Igreja Luterana e em seguida Jacob comprou o lote N.85 na Ziegeleistrasse (Rua da Olaria em alemão) atual Rua do Príncipe, a poucas quadras de distância.
JACOB RODOLFO MÜLLER - O Primogênito
Jacob como já mencionei era casado com Anna Maria Plüss e tiveram a Anna Maria (casou com Anton Barnach) e Minna na Suíça e mais 9 filhos nascidos na Colônia D. Francisca (Joinville). Verena (casou com Augusto Emilio Stock), Emma Maria (casou com Withelm (Guilherme) Tamm), João Rudolpho Frederico (casou com sua prima Helena Schneider), Ida (casou com Henrich Henke), Rosa (casou com Max Delitsch), Martha (casou com Johann Bühler), Johannes (?), Elisa (?) e Anna Therezia (?).
Obs. Dos últimos só encontrei os documentos de batizados. Quando Jacob faleceu em 1889 os filhos tinham idade entre Maria com 28 anos a mais nova Anna com10 anos.
Em sua profissão, primeiro foi professor particular no local, abrindo uma escola particular (internato) só para meninos na sua residência em 1866. Com o internato dando certo resolveu arriscar em um local mais próspero na época que era Curitiba. Assim, conseguiu autorização em 1868 do Presidente da Província e abriu em uma casa na Rua Aquidaban “O Colégio para Meninos de Curitiba”, iniciando com 17 alunos e sendo o diretor. Era gratuito para órfãos, filhos e irmãos de oficiais mortos na Campanha do Paraguai e filhos de funcionários públicos com mais de 10 anos de serviço. A admissão gratuita só era autorizada por despacho do Presidente da Província. O colégio ia muito bem com meninos que vinham de vários lugares para estudarem em regime de internato, mas por motivo de divergências na falta de pagamento, relativos à 1869 do governo da Província, Jacob fechou em 1872 voltando a morar em Joinville. A casa foi usada depois de sua saída pelo Esquadrão da Cavalaria de Curitiba.
Obs. Muitas histórias contam que os primeiros à virem para Curitiba foram os seus irmãos Gottlieb e Adolf Müller, mas a verdade foi o Jacob, encontrando-o em noticias dos jornais de Curitiba entre 1868 a 1872, 9 anos antes deles.
Jacob mudou de profissão em Joinville sendo um próspero relojoeiro. Em 1877 quando seus irmãos Gottlieb e Adolf vieram para Curitiba encontrei algumas notas de jornal dele oferecendo seus serviços como relojoeiro. Primeiro na casa do Sr. Schneider no Largo da Matriz número 1, anúncio do dia 11/07/1877 e depois no endereço do irmão Adolf que residia na Rua São Francisco, anúncio do dia 25/08/1877. Convencido que teria mais sucesso no seu trabalho permaneceu em Joinville, abrindo a sua relojoaria. O seu primeiro grande feito foi vender e instalar o relógio na torre da Igreja Matriz de Joinville em 1879 a pedido do Padre Carlos Boergershausen, tendo também problemas para receber, mas com a ameaça que não ia entregar a chave que dava corda no relógio, recebeu através do padre o que deviam através da comunidade. Também atuou na área cultural da Colônia, fazendo parte do grupo “Lira dos Cantores Sängerbund”, coral de cantores alemães, exercendo por 7 anos como "Presidente".
SEGUNDA PROPRIEDADE COMPRADA POR RUDOLF MÜLLER, 1871
Depois do documento sobre a compra da casa encontrei outra notícia de que adquiriu por volta de 1871 o lote número 09, perto do Morro Boa Vista na Estrada D. Francisca Km 2 (Estrada da Serra). Lá havia uma parte do terreno usado por seu filho Rodolpho (meu bisavô) casado com Margaretha Baumer (sua primeira esposa) e filhos, no qual havia uma casa e uma olaria e na outra parte a casa de Rudolf, com um parreiral para fazer seu vinho e fazia peças para vender à padeiros.
Obs. Estes dados foram obtidos nos inventários da Margaretha Baumer Müller (1876) e de Johann Rudolf Müller (1882).
FALECE JOHANN RUDOLF MÜLLER
Rudolf Müller faleceu com 66 anos, no dia 2 de janeiro de 1882 de convulsões, sendo sepultado no Cemitério do Imigrante, Lote 253. Deixou a esposa Verena com 67 anos e os filhos,Jacob (casado com Anna) com 44 anos, Rudolf (casado com Friederike Kirchhoff) com 42, Gottlieb (casado com Maria Baumer) com 39, Elisabeth ( casada com Francisco Lange) com 36, Adolpho (casado com Enestine Viernein) com 34, João (casado com Anna Teresa Freyesleben) com 30, Verena com 27 (solteira) e Maria (casada com Fernando Schneider) com 25 anos.
INVENTÁRIO DE RUDOLF MÜLLER
Joinville 17 de Abril de 1882 a 8 de Julho de 1882.
A partilha dos bens foi feita amigavelmente, em acordo de todos os filhos e filhas (as casadas representadas por seus esposos) e pela matriarca Verena. Fizeram a função de inventariantes da Verena (esposa), Jacob e Rudolf. Dos irmãos por procuração: Jacob da parte de Rudolf e sua irmã Verena, Jacob e Frederico Lange da parte de Gottlieb, Jacob e Verena por parte de Adolpho, Jacob por parte de Fernando Schneider (Maria) e Frederico Lange (Elisabeth) da parte de João.
Depois de concluído o inventário dos bens do casal, Verena recebeu a sua parte de 3 contos e 528 mil réis, sendo o terreno com as casas na Rua Cachoeira avaliado em 1.900 mil réis, todos os móveis e 396 mil réis em dinheiro e 1 conto de réis que devia a Augusto Urban. Obs. No recebimento da Verena há uma diferença do valor total relatado e recebido, faltando 232 mil réis (sem ser relatado...erro de cálculo?).
Os herdeiros entraram na "massa de sucessão" com as somas que tinham recebido para seu primeiro estabelecimento ou para casamento cuja quantias figuram nas dívidas ativas do inventário e que tudo para maior igualdade de partilha compôs a massa geral da sucessão. Depois de avaliado os bens, cada um dos filhos teve direito a 441 mil réis.
Os únicos filhos que não deviam a massa geral e receberam a quantia na integra foram Adolpho e Verena (solteira). Rudolf tinha a menor dívida ativa com o valor de 46 mil réis, pagando o que devia.
Em seguida comprou dos irmãos as respectivas partes que lhes cabiam do terreno com as casas da Estrada da Serra (Boa Vista), avaliado por 1.200 mil réis. Naquele terreno ele residia com seu finado pai, Friederike sua esposa e filhos como também tinha a sua olaria, foi assim que tornou-se o único dono. Posteriormente residindo em Curitiba seguiu a profissão de seu pai como padeiro e especializou-se em vinho espumante recebendo diversas premiações.
FALECIMENTO DA VERENA H. MÜLLER
Verena faleceu no dia 25 de março de 1894, com 79 anos sendo relatado o motivo como "marasmo". Foi documentado no registro do cemitério que Jacob não era seu filho legítimo, mas foi homenageada pelo coral do grupo dos cantores durante o seu sepultamento, tendo uma nota no jornal local “Colonie Zeitung” editado e escrito em alemão do dia 29 de março de 1894. Mesmo Jacob não tendo o seu sangue, foi a pessoa que estava mais perto dela e lhe deu apoio.
No lote 450 do Cemitério do Imigrante no ponto mais alto estão os túmulos lado a lado de Verena com uma “Cruz alta de ferro” e Jacob falecido em 17 de dezembro de 1889 (coração), no dele uma lápide em forma de “Lira”, uma homenagem do mesmo grupo de cantores Sängerbund. Anna sua esposa faleceu em 1901 e está no mesmo túmulo.
Jacob e Anna tiveram mais de 40 netos encontrados (até o momento) em registros de Joinville e Curitiba.
Obs. Mencionei a história do Jacob por ser o primeiro filho de Johann Rudolf Müller.
CASAS DA VERENA DEPOIS DO SEU FALECIMENTO
Uma das casas da Rua Cachoeira (Atual Rua Princesa Isabel), depois do falecimento da Verena foi usada como moradia e ponto de comércio de sua filha Verena M. Küchne, viúva de Luiz Küchne (+1887). Tiveram 1 filho e ficou casada por apenas 3 anos. Foi a única mulher Müller de sua geração que tinha uma profissão e comércio. Era uma excelente chapeleira e modista, vendia luvas, guirlandas nupciais, chapéus e complementos para adorná-los como flores e penas de avestruz, fitas de seda e veludo, rendas, agulhas para prendê-los e tecidos. Mudou sua loja em 1906 para a Rua do Principe. As casas posteriormente foi alugada à outras pessoas.
LEILÃO DAS CASAS
No jornal do dia 9 de novembro de 1920 foi publicado o em Edital o "leilão" do terreno e suas 2 casas. Sendo relatado que era do espólio do finado Adolpho Müller, padeiro, filho de Rudolf e Verena, falecido em Curitiba no dia 17 de Outubro de 1919. Consistia de um terreno de 627 mts quadrados com 2 casas ali construídas. Sendo uma de madeira e tijolos, coberta com telhas e uma varanda na frente e outra construída de tijolos e cal, coberta com telhas, com uma porta e quatro janelas na frente e com mais 2 ranchos edificados. Avaliado em 9:000000. Não encontrando nenhuma notícia de quem a comprou e por qual motivo foi à leilão. Seu endereço era Rua da Cachoeira, números 41 e 43.
RELATO FINAL
Não encontrei nenhuma história de Johann Rudolf Müller que possa me dizer como ele era como pessoa, seus gostos, humor, gestos, qualidades, defeitos e como viveu todos estes anos no Brasil. Mas uma foto com os filhos demonstra a união entre eles e que se relacionavam bem, além de transmitir seu olhar orgulhoso, com sua mão sobre o braço do Jacob.
Só me doeu demais e uma imensa tristeza ao chegar até ele e ver ... que está sepultado sozinho, no outro extremo do Cemitério do Imigrante de Joinville, longe da Verena, Jacob e tantos outros parentes, em um declive e sua lápide quebrada.
Mas por outro lado...tem a beleza de uma árvore frondosa que lhe faz companhia.
Referências:
- Fotos de Rudolf, Verena, poema, Rudolf com filhos, registro de nascimento da Verena - Acervo da Família Jucksch.
- Documentos do Arquivo de Aargau e imagem do Livro de Registros relativo ao nascimento de Johann Rudolf Müller (1815) - Jörg Stein - Suíça. - Johann Rudolf como Juiz de Paz, processo - Theobaldo Julio Müller.
- Colônia gravura de 1862, localização dos lotes 246, 85 e 09 antigamente e atual – Google.
- Escritura de compra e venda das casas de Rudolf - Tabelionato Guilherme Gaya, escrevente Patrícia Dias, Joinville.
- Foto de Jacob (xerox) - Luiz Renato Scherrer.
- Foto da localização da casa, número do lote, notícias de jornal e traduções sobre o óbito de Verena H. Müller, anúncios do comércio de Verena M. Küchne e leilão das casas – Brigitte Brandenburg (pesquisadora em Joinville).
- Dados extraídos dos inventários – Arquivo Público de Joinville - fotografados por mim.
- Fotos do local atual das casas na Rua Princesa Isabel e lápides no Cemitério do Imigrante em Joinville, feitas por mim.
- Jacob notícia do Jornal Dezenove de Dezembro, site: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digita
JOHANN RUDOLF MÜLLER (1815 - 1882)
REGISTRO DO NASCIMENTO DE JOHANN RUDOLF Unterkulm, Aargau, Suíça
VERENA HEUBERGER (1814 - 1894)
BATISTÉRIO DE VERENA HEUBERGER 1814
POEMA ESCRITO POR J. RUDOLF À VERENA NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO (1836)
(Com tradução a seguir)
J. RUDOLF MÜLLER - ATUANDO NO PROCESSO COMO JUIZ DE PAZ -1856
UNTERKULM À SOLOTHURN (SOLEURA)
LIVRO DE REGISTROS DE CHEGADA NA COLÔNIA D. FRANCISCA 1857
COMO ERA JOINVILLE DEPOIS QUE J. RUDOLF CHEGOU - 1858
COMO ERA JOINVILLE QUANDO VERENA CHEGOU COM OS FILHOS -1862
LIVRO DE REGISTROS DE CHEGADA NA COLÔNIA D. FRANCISCA 1852
ESCRITURA DA COMPRA DAS CASAS POR RUDOLF MÜLLER (Joinville, 21 de setembro de 1861)
LOCALIZAÇÃO DOS LOTES N. 246 e N. 85
CASA DE RUDOLF e VERENA (esquerda marcada com com X) (foto sem data)
LADO ESQUERDO, A SEGUNDA E TERCEIRA CASA ERAM DE RUDOLF (sentido inverso da rua - foto sem data)
AONDE SE LOCALIZAVA AS CASAS, PRÉDIO COM TORRE
(Foto atual)
JACOB MÜLLER (Primeiro filho a vir para Curitiba)
JORNAL - COLÉGIO DE MENINOS - JACOB MÜLLER (Jornal ¨Dezenove de Dezembro", Curitiba 1869)
NOTÍCIA NO JORNAL- COMPRA DO LOTE 9 NO "BOA VISTA" (20 de agôsto de 1871)
MAPA DA COLÔNIA, HAMBURGO 1850 - COM O LOTE 9
LOCALIZAÇÃO ATUAL DO TERRENO (2019)
INVENTÁRIO DE RUDOLF - VERENA (Inventariante) 1882
NOTA NO JORNAL - FALECIMENTO DE VERENA (Tradução)
COMÉRCIO VERENA M. KÜCHNE - Modista (Primeira mulher "Müller" a ter uma profissâo)
EDITAL - LEILÃO DAS CASAS (Joinville 9 de novembro de 1920)
"CEMITÉRIO DO IMIGRANTE" - JOINVILLE - 2019
TÚMULO DE VERENA (Cruz) E JACOB e ANNA MARIA (Lira) N.450
LIRA - HOMENAGEM DO GRUPO "SÄNGERBUND" (Seu ex-presidente Jacob Müller - Dedicado pela Liga dos Cantores)
TÚMULO DE JOHANN RUDOLF MÜLLER - 1882 - N.253
JOHANN RUDOLF COM OS FILHOS (antes de 1880)
Da esquerda para a direita:
Em pé: Ferdinand Schneider(genro), Gottlieb, J.Rudolf, Adolf e Johannes.
Sentadas: Maria, Elisabeth e Verena.
Sentados: Jacob e o pai J. Rudolf Müller