Leonardo Del Mugnaio de Bona mais uma estrela da família. Minha homenagem...para que as novas gerações saibam quem foi você tio...
Não deixou descendentes, só primos de vários graus de parentesco, que tiveram a honra e orgulho de conhece-lo. Como chama-lo de tio ou primo?
Filho de Marcos (carpinteiro) e Rosina,nasceu no dia 3/09/1919 em Curitiba. Católico praticante fez parte desde jovem da Congregação Mariana da Catedral de Curitiba e durante toda a sua vida gostava de ir na primeira missa, bem cedo. Sempre que podia visitava os parentes em Morretes, aonde seu pai nascera e participava com sua alegria nos eventos.
Leonardo era muito carismático, comunicativo, inteligente e batalhador. Cursou medicina na UFPR, para ajudar nos custos estudava de dia e trabalhava como repórter e redator do “Jornal Gazeta do Povo” a noite (1942 a 1946). Em 1945 foi realizada a “ Caravana médica do Dr. Guimarães para Doutorandos da UFPR”, viajaram para SP e RJ, com a intensão de se confraternizarem com outros médicos e conhecerem os hospitais. Leonardo recebeu o seu diploma em março de 1946, no mesmo ano escolheu fazer sua residência com especialização em ortopedia na Santa Casa de Misericórdia de Santos-SP, tornando-se integrante do “Colégio Internacional de Cirurgiões” em 1951.
Conheceu Iris da Costa (que trabalhava no hospital no setor de internamento) seu eterno amor... namoraram e casaram-se em 6 abril de 1949, mas não tiveram filhos.
Ainda em 1949 foi convidado por seu amigo e vizinho Antônio Costa Pinto, que era administrador do Santos Futebol Clube, para trabalhar como “médico titular” da equipe dos jogadores, aonde permaneceu por 21 anos. Em 1957 foi um dos fundadores do primeiro "Pronto Socorro Particular Ana Costa". Leonardo nunca teve seu próprio consultório, pois trabalhava na Santa Casa, no Ana Costa e no Clube.
Em 1958 comprou um sítio na “Estrada de Barreiros” em Morretes para a alegria de seu pai, na época quem cuidava era seu primo Santim e no mesmo ano foi retratado por seu primo pintor Theodoro de Bona.
Acompanhou e cuidou da equipe do S.F.C. em muitas competições e em jogos internacionais. O primeiro jogo do Santos, em campo fora do Brasil, foi na Argentina em 21/03/1954. As principais competições foram de 1959 a 1967, a era de ouro do Santos. Destaco a de 1961, competiram no Peru, Colômbia e Equador. No mesmo ano no “Primeiro Mundial Interclubes” foram a Bélgica, Polônia, Alemanha, Itália, na França disputaram no “Torneio de Paris” vencendo e levando o Troféu. Fazendo escala em Marrocos, foram abordados pelos dirigentes franceses querendo uma revanche, pois estavam inconformados com a derrota.O Santos voltou a jogar na França, vencendo e sendo aplaudido por todos os torcedores do Estádio. Encerrando com vitória na Espanha antes de retornar ao Brasil, invictos em todas as competições. Assim...“O Santos foi considerado o melhor time do planeta” por toda a mídia esportiva.
Os mais famosos desta equipe foram: Pelé, Zito, Pepe, Coutinho, Sormani, Calvet, Mauro, José Carlos, Mengálvio, Ubiratão, Laércio e Dorval. Ao longo das décadas de 40 a 60 Leonardo atendeu dezenas de jogadores como Lima, Nenê, Del Vecchio, Formiga, Manga, Clodoaldo, Hélvio, Carlos Alberto Torres, Edu e Gylmar dos Santos Neves entre outros.
Logo no início de 1966, o Santos realizou uma excursão onde visitou 6 países. Entre eles a África. A solitária partida no continente africano, ficou marcada por ter sido a última partida do "Ataque dos Sonhos", formado por Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Como medico do time Leonardo viajou para mais 30 países, nas 3 Américas, Europa e África. Em 1970 fez sua última viagem em maio para os E.U.A. antes de se aposentar.
No mesmo ano mudou-se com Iris para Curitiba, sendo nossos queridos vizinhos. No dia 27/10/1971, Leonardo levou meu irmão a um amistoso entre Coritiba X Santos, no “Estádio do Couto Pereira” para conhecer o Pelé. Apresentou o Julio, que recebeu como presente a sua camisa de treino. Placar 1x0 para o Coritiba.
Ao longo de 23 anos Leonardo sofreu de "Radiodermite”, uma doença ocasionada por tantos anos de exposição à radiação dos aparelhos de RX. Após passar por várias cirurgias, em 1969 em consequência da doença tiveram que amputar sua perna em Santos e precisou usava prótese e muletas. Nesta ocasião as leis brasileiras não aprovavam a importação de automóveis, mas ele conseguiu além de importar, era automático e adaptado para a sua deficiência. Ia sempre ao seu sítio em Morretes e com seu pai doente acabou vendendo em 1973, comprando em seguida um em Campina Grande do Sul.
Após inúmeros problemas de saúde, Leonardo faleceu em casa no dia 21/04/1977, tinha apenas 57 anos.
Em 1977 foi inaugurada em sua homenagem a Av. Dr. Leonardo De Bona em Centerville, Bertioga, Santos. Ela começa na “Praça do Pôr do Sol” com interseção da Av. Ayrton Senna da Silva e termina circundando do lado direito da Praça Vicente Molinari aonde está localizado o Hospital Municipal de Bertioga.
Foram reformados e inaugurados em 10/07/2013 novos espaços no “Estádio da Vila Belmiro". A cada local foi dado um nome em homenagem às pessoas ilustres. Um deles é o "Vestiário dos jogadores Dr. Leonardo Del Mugnaio de Bona”, que fez história atendendo os craques alvinegros.
Leonardo amava: A família, a medicina, a Santa Casa de Misericórdia de Santos (não gostava de cobrar consulta de seus pacientes, por isso tinha muitos amigos humildes que sempre lhe traziam mimos), O Santos Futebol Clube (seus meninos), cães (sempre teve), pessoas simples (não gostava de pessoas esnobes) e adorava pescar lambari.
Me sinto grata por ter convivido diariamente por 7 anos com ele,e agradeço a Tia Iris tão querida e prestativa com seus relatos e fotos e também aos parentes.
LEMBRANÇAS E HISTÓRIAS DA FAMÍLIA
Zelinda de Bona (prima) : - O Leonardo De Bona estudante de Medicina morava em Santos SP. a prioridade das férias era Morretes queria conviver com os primos e saber mais as histórias da família. o engenho de cana que meu avô Antônio construiu, era junto com a moradia, e tinha uma roda d'água que bombeava para moer a cana. Tinha um rio que passava em baixo da casa ate o engenho de cachaça.. na hora do almoço minha mãe chamou o pessoal para almoçar o meu primo falou eu quero lavar as mãos e foi no rio, logo avistou um pedaço de pano vermelho e correu para ver, pulou na aguá me salvando,coisas do anjo da guarda.. eu tinha três anos. Se ele não estivesse ali , eu não estaria aqui relatando essa história sempre que me encontrava falava a mesma coisa: - Se não fosse eu você já era...
Fotos- 1- Leonardo / 2- Com 7 anos em Morretes (Campo dos De Bona-1926) / 3- Casamento de Marcos de Bona e Olga (1937) / 4- Repórter e redator (1942 a 1946) / 5-Santa Casa de Misericórdia de Santos (1946) / 6- Sua esposa Iris / 7- Viagem com a delegação e jogadores do Santos Futebol Clube (1959) / 8- Foto Pelé com o Julio em (1970)